A beleza do dia a dia
Existem algumas coisas e habilidades que não damos muita importância e que eu tenho tentado, constantemente, perceber e agradecer.
Costurar faz parte do meu trabalho e, algumas vezes, por estar no dia a dia, eu faço sem perceber sua beleza. Mesmo amando o meu ofício, quando tenho que descosturar, refazer ou quando a linha da bobina acaba, de vez em quando bate um desânimo…
Há um tempo, li um livro muito bom que se chama “O tempo entre costuras” . A autora descreve tão lindamente o ato de costurar que eu, no meio da leitura, em um dia de descanso, fiquei com vontade de vestir minha melhor roupa apenas para me encontrar com minha máquina. Tinha uma beleza tão grande nas palavras, que me senti muito grata por exercer essa profissão.
Domingo à noite, eu vi um filme que tinha uma costureira. Apesar de não ter gostado do enredo, vi que ela colocava o tecido no manequim, alfinetava, cortava e, em alguns momentos, estava tão plena , costurando com tanta propriedade, que me deu muita vontade de, novamente, confeccionar um novo modelo.
Sabemos que não é sempre assim, que costurar não é fácil. No final do dia, muitas vezes, estou com o cabelo em pé! Zero glamour! Mas é sempre bom enxergar a beleza do trabalho para relembrar, no meio do caos, o que é lindo e o que faz bem. Assim, há sempre o ânimo para recomeçar de novo e de novo!
Para finalizar, vou escrever uma passagem do livro que citei acima, para brindar a nova semana que vem aí:
” Estendi-o em cima da mesa de cortar e, pouco a pouco, com extremo cuidado, fui desfazendo o rolo enrugado. E, magicamente, diante dos meus olhos nervosos e do estupor de Jamila, a seda foi surgindo plissada e brilhante, linda (…). Abri o tecido em toda a sua dimensão e o deixei esfriar. Depois, cortei -o em quatro peças com as quais montei uma estreita fronha cilíndrica que se adaptaria ao corpo como uma segunda pele. Fiz uma simples gola e trabalhei as aberturas para os braços.”
Grande abraço!